Por Flávia Almeida
Nos últimos meses, moradores de Presidente Altino passaram a relatar casos de escorpiões avistados em residências e áreas públicas do bairro – algo que antes sabíamos que existia, mas poucos de fato tinham presenciado. Os registros ligaram o alerta para um problema crescente que afeta muitas cidades brasileiras: a presença cada vez maior desses animais peçonhentos em áreas urbanas.
A AMALTINO orienta a todos que, ao encontrarem um escorpião ou suspeitarem de infestação, abram um protocolo na Central 156 da Prefeitura de Osasco (atendimento 24h por dia, todos os dias da semana) e enviem o número do protocolo para o WhatsApp da associação: (11) 98916-3250. Assim, podemos mensurar os casos e acompanhar o atendimento junto à Secretaria de Saúde e à Zoonoses.
Espécies mais comuns na nossa região
No município de Osasco e em cidades da região, as três espécies de maior importância em saúde pública são:
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Tityus bahiensis (escorpião marrom)
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Tityus serrulatus (escorpião amarelo)
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Tityus stigmurus (escorpião amarelo do nordeste)
Entre elas, o Tityus serrulatus é considerado o mais perigoso, pois se reproduz por partenogênese (sem necessidade do macho), o que acelera sua multiplicação. Uma única fêmea pode gerar até 25 filhotes.
Por que eles estão aparecendo em Presidente Altino?
A presença de escorpiões em Presidente Altino não é uma novidade — esses animais já existiam na região, mas costumavam passar despercebidos pela maioria das pessoas. Nos últimos anos, no entanto, os registros aumentaram, dando a impressão de que surgiram recentemente.
Esse aumento na visibilidade pode ser explicado por diversos fatores. O crescimento urbano desordenado, o acúmulo de entulho e lixo, o desmatamento e o aumento da temperatura nas cidades criam condições ideais para a presença dos escorpiões. Eles se alimentam principalmente de baratas, que também se proliferam nesses ambientes.
Além disso, terrenos abandonados, redes de esgoto antigas e o descarte irregular de resíduos favorecem a permanência desses animais. Locais como áreas com linhas de trem, entulhos de obras e bueiros próximos a residências são especialmente propícios à infestação.
Onde eles costumam se esconder?
Escorpiões são noturnos e costumam permanecer escondidos durante o dia. Eles podem se abrigar em:
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Terrenos baldios e locais com mato alto
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Linhas de trem e pilhas de entulho
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Caixas de gordura, caixas de esgoto e ralos
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Atrás de móveis, dentro de sapatos, pilhas de roupas, toalhas úmidas
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Apartamentos, inclusive andares altos (acessam através de tubulações, dutos de energia e cabeamento)
Como proteger sua casa?
A melhor forma de controle é ambiental, com a eliminação de condições favoráveis à presença desses animais. Veja as principais orientações:
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Feche bem os ralos e instale telas milimétricas nos ralos externos
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Vede caixas de esgoto com cimento ou silicone
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Vede frestas em pisos, paredes e muros com cimento ou silicone
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Use rodos de vedação ou ‘cobrinhas’ de areia nas frestas das portas
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Não acumule entulhos, lixo, materiais de construção ou objetos encostados em muros e paredes
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Feche bem o lixo doméstico e mantenha fora do alcance de animais
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Mantenha o quintal limpo, grama baixa e sem folhas secas
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Afaste camas e berços da parede e evite que roupas de cama toquem o chão
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Sacuda roupas, calçados e toalhas antes do uso
Uso de inseticidas no combate aos escorpiões
Embora os inseticidas sejam amplamente utilizados no controle de pragas, eles não são eficazes contra escorpiões. De acordo com o Ministério da Saúde, o uso de pesticidas para esse fim não é recomendado, pelos seguintes motivos:
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Não eliminam o escorpião de forma imediata.
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Podem estimular o animal a sair do esconderijo, aumentando o risco de acidentes.
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Provocam deslocamento, levando-o a áreas internas da casa.
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Não atingem filhotes escondidos em ninhos ou locais protegidos.
Mesmo produtos que afirmam ter eficácia contra escorpiões baseiam seus testes em ambientes controlados de laboratório. Na prática, em áreas abertas, o metabolismo lento do escorpião reduz significativamente a ação do veneno. Além disso, a aplicação de inseticidas em ralos e outros locais não elimina os focos e pode gerar uma falsa sensação de segurança. Por isso, a principal recomendação das autoridades de saúde é investir em medidas de prevenção ambiental e na orientação da população.
O que fazer em caso de picada?
Escorpiões não são agressivos, mas sua picada pode ser grave — especialmente em crianças, idosos, pessoas com comorbidades ou animais domésticos. Os sintomas mais comuns incluem dor intensa, suor excessivo, náuseas, vômitos, salivação excessiva, dificuldade para respirar e, em casos mais graves, edema pulmonar.
Em caso de acidente:
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Lave o local da picada com água e sabão
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Não aplique pomadas, gelo, álcool ou torniquetes
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Use compressas mornas para aliviar a dor
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Procure atendimento médico imediato
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Se possível, capture o animal com segurança para identificação
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Não tome medicamentos por conta própria
👉 O único tratamento eficaz é a soroterapia com soro antiescorpiônico, disponível exclusivamente em unidades autorizadas do SUS.
Unidade de referência mais próxima com atendimento especializado:
🏥 Hospital Vital Brazil – Instituto Butantan
📍 Av. Vital Brasil, 1500 – São Paulo/SP
📞 Telefones: (11) 2627-9529 / 9530
Saiba mais
📖 Manual de Controle de Escorpiões – Ministério da Saúde (2009)
Documento técnico com orientações detalhadas sobre prevenção, controle e manejo de acidentes.
🔗 Acesse o manual em PDF:
Secretaria de Saúde de Osasco
📞Telefone: (11) 3699-8900
📧 E-mail: ss@osasco.sp.gov.br
🏥 Hospital Vital Brazil – Instituto Butantan
Unidade de referência com atendimento médico gratuito e aplicação de soro antiescorpiônico.
📍Endereço: Av. Vital Brasil, 1500 – Instituto Butantan – São Paulo/SP
📞 Telefones: (11) 2627-9529 / 9530
🌐 Site: https://butantan.gov.br/
🚑 Primeiros socorros: https://butantan.gov.br/atendimento-medico/primeiro-socorros
Fontes consultadas: Ministério da Saúde, Instituto Butantan, Prefeitura do Município de Osasco, Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE-SP) e reportagens especializadas sobre o tema.